terça-feira, 2 de agosto de 2011

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Gerald Thomas encena Gargólios em curta temporada em São Paulo
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Nos dias 30 e 31 de julho, montagem será encenada no Teatro do SESC Santos
“Se Freud estivesse vivo, provavelmente diria que somos os nossos próprios ‘E’ (maiúsculo) piores inimigos”. A frase do autor e diretor Gerald Thomas revela parte das intenções de Gargólios, espetáculo que a London Dry Opera Company apresenta, de 9 a 24 de julho, no teatro do SESC Vila Mariana, em São Paulo. A montagem é encenada em inglês, com legendas em português.
A curta temporada terá sessões às sextas, sábados (ambas às 21h) e domingos (18h). Nos dias 30 e 31 de julho, será a vez do Teatro do SESC Santos, em Santos-SP.

Gargólios tem direção associada e de movimento de Daniella Visco, iluminação de Caetano Vilela, cenografia, figurino e objetos de cena de Jan-Eric Skevik, além de trilha sonora de John Paul Jones, que inclui solo de piano original composto especialmente para a encenação. Gerald Thomas também co-assina a iluminação e a trilha. No palco, a Dry Opera Company conta com os atores Adam Napier, Angus Brown, Antonia Davies, Daniel Ben Zenou, Lucy Laing e Maria de Lima.
Após três anos sem ter uma montagem apresentada no Brasil, Gerald retorna com um trabalho inédito, o segundo com a companhia londrina. A proposta inicial era trazer ao país a primeira – ‘Throats’ – mas o diretor optou por começar do zero. Em sua concepção, tratava-se de uma peça segura, em que ele próprio não se arriscava. “Cá entre nós, o que vem a ser a arte que não se nutre do risco? Não é nada”, provoca.

Então, reafirmando-se marcado pela (chamada) Era do Terror – os escombros do World Trade Center estão no cenário, mas como mera referência –, Gerald Thomas transformou o caos sobre o caos de Throats em uma espécie de clínica psicanalítica, onde um homem bode, heróis e super demagogos se sentem traídos pelo próprio ego e pela massiva informação que adormece seus sentidos – “com tantos iPods, iPads e iPhones”.

Para o diretor, o espetáculo lida com aquilo que não queremos ver. Mas também com aquilo que fomos antes da era dos atentados. “E ainda a alma vazia ou identidade esvaziada que arromba nossos armários e quebra nossas louças nos períodos entre guerras mundiais. Estamos num longo período de (suposta) paz mundial. Que saudades da Guerra Fria. Que frisson!”.
Ele completa: “Já estamos em cifras indecifráveis de dívidas impagáveis e com as economias mundiais em frangalhos por causa de guerras desnecessárias e que nos criam mais e mais inimigos a cada dia. Então, enquanto não podemos virar um download de nós mesmos, acessamos tudo e reviramos tudo em busca de um espelho de Alice no país dos horrores”.
Gerald Thomas cita a destruição do Oriente Médio e de suas equações fundamentalistas pelos seus próprios ditadores como um exemplo de uma humanidade que tudo vê, mas nada sente.

“São ditadores que regem países divididos como uma Guernica arábica robusta. Seus Reis Lears arábico robustos mutilam suas populações, mas o meteorologista nos interrompe a cada 10 minutos e nos dá uma vaga idéia sobre o tempo de amanhã. Chuvas e pancadas esparsas nesse planeta mais quente , mais frio e cada dia mais indiferente”.

Mesmo diante deste cenário, o diretor se apoia em eventos recentes para demonstrar que ainda há demonstrações reais de civilidade e consciência política que contrapõem o universo de Gargólios. Ele cita o episódio do Wikileaks e comunidades de base em Nova York que se organização em prol da reeleição do presidente Barack Obama como exemplos.
“É tão incrível quanto aqueles que arriscam suas vidas nas ruas de Damasco, Trípoli ou em cidadelas do Yemen. Me lembro bem da época em que lutávamos contra a guerra do Vietnam com nossos corpos nus ‘making peace and not war’ em Woodstock e levávamos surras de um início dessa estranha idéia de aldeia global”, completa.
Indo ao encontro da observação de Fernanda Montenego , Gerald Thomas sustenta que Gargólios passa a ser uma arena greco-latina-vienense de debates e sons ressonantes de mentes perturbadas, pois estão onde não deveriam estar.
Ele responde à atriz:
“Sim, Fernanda, em Gargólios eu lido com os arquétipos de mortos ou quase mortos ou quase vivos que estão tendo uma estranha sobrevida ali no palco, o altar dos embates, onde o Deus não desce (ou baixa) para o enfrentamento. Nenhum bode, mesmo o bode sagrado, se deixa sacrificar sem luta. Em Gargólios, meu atores berram e são amarrados por mantras ultra repetitivos (que devem ser o urro das almas que nos sobrevoam, putos da vida por terem nos deixado).
The blind boy (sinopse)
O garoto cego tem nome de origem muçulmana e busca um endereço em Nova York. Pergunta por ele a várias pessoas. Leva nas mãos um bilhete (referência a Samuel Beckett) e uma rosa morta (referência a Jean Genet).
Terrorismo, velhice, os líderes do mundo, teatro, internet, cirurgia plástica, moda, assassinato, islamismo e judaísmo. Gargólios são as gargântulas cristãs, o ferro retorcido do Ground Zero e os berros das vítimas de ataques da OTAN e dos grupos ligados ao Al Qaeda: tudo igual. Tudo a mesma coisa. O garoto cego está na Bleecker Street e nada sabe sobre Homero ou Ovídio. E nem deveria.
Sim, muita coisa ficou obsoleta. Pena. E nesse deserto de idéias, o homem bode não tem paz porque não há um fim para a criação. Não. Não há mesmo o fim para a criação ou para a batalha.
FICHA TÉCNICA
GARGÓLIOS, de Gerald Thomas
Com a LONDON DRY OPERA COMPANY
Direção e Autoria Gerald Thomas
Direção Associada e de Movimento Daniella Visco
Elenco Adam Napier, Angus Brown, Antonia Davies, Daniel Ben Zenou, Lucy Laing e Maria de Lima
Elenco de apoio Diogo Pasquim e Priscilla Garcia
Iluminação Gerald Thomas e Caetano Vilela
Assistente de Iluminação Wagner Antônio
Cenografia, Figurino e Objetos de Cena Jan-Eric Skevik
Assistente de Cenografia Carol Nogueira
Trilha Sonora John Paul Jones e Gerald Thomas
Solo de Piano Original John Paul Jones
Sonoplastia Moisés Matzenbacher
Direção de Produção London Dry Opera Simone Ruotolo
Assist. de Produção London Dry Opera Anna Américo
Diretor Técnico Brasil André Boll
Produção Brasil Dora Leão - Platô Produções
Credito fotos Alastair Muir
SERVIÇO
GARGÓLIOS, de Gerald Thomas
Com a LONDON DRY OPERA COMPANY
Duração: 90 minutos
Classificação etária: 16 anos
Idioma: Inglês. Legendas em português.
TEMPORADA
De 9 a 24 de julho de 2011
LOCAL: TEATRO do SESC VILA MARIANA
Rua Pelotas, 141 – Vila Mariana – São Paulo SP
Sessões: Sextas, sábados (ambas às 21h) e domingos (18h). Rua Pelotas, 141
Preços: R$ 24, R$ 12 (usuário inscrito, maiores de 60 anos, estudantes com carteirinha e professor da rede pública), R$ 6 (trabalhador no comércio e serviços matriculado no SESC e dependentes).
Capacidade: 608 lugares
Telefone: (11) 5080-3000.
Acesso para portadores de necessidades especiais
Ar condicionado
Dias 30 e 31 de julho de 2011
LOCAL: TEATRO do SESC SANTOS
Rua Conselheiro Ribas, 136 – Aparecida – Santos SP
Sessões: Sábado (21h) e Domingo (19h).
Preços: R$ 20, R$ 10 (usuário inscrito, maiores de 60 anos, estudantes com carteirinha e professor da rede pública), R$ 5 (trabalhador no comércio e serviços matriculado no SESC e dependentes).
Capacidade: 785 lugares
Telefone: (13) 3278-9800
Acesso para portadores de necessidades especiais
Ar condicionado

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