segunda-feira, 19 de julho de 2010

GERALD THOMAS - Um período de silêncio para um retorno cheio de inquietações!

Escrevi sobre o Manifesto de Gerald Thomas e lá eu dizia exatamente sobre esta passagem (tempo/espaço) que os artistas necessitam em suas vidas, é uma verdadeira alegria essa notícia, não pelo simples fato de um artista voltar a fazer sua obra, mas por que cada obra tem um valor na vida das pessoas, a arte é agente mutante e transformador, a obra de Gerald faz isso com as pessoas, é notável como o belo e o grotesco em suas obras caminham juntos, e asssim entre platéia e admiradores da sua obra, está sua criação!

Na entrevista ao qual o jornalista afirma a volta dos que não foram, eu fiquei pensando... foi para onde?

Gerald na minha opinião estava engasgado com algo e isso precisava descer e ser digerido. Digerir significa parar de comer e sentir tudo sendo esmagado, triturado e por fim... Merda!!!!


Acompanhar o blog e os textos me fazem conhecer um pouco da produção e dá uma vontade de ver de perto tudo acontecer, mas claro que esse trabalho se vier para o Brasil, o Projeto Salamandra não poderá perder!
breve estréia com tempo marcado!



 
Nove meses depois de anunciar que abandonara o teatro, o diretor recria, em Londres, a sua companhia; 
estréia é em outubro 

Estrevista a Arnaldo Bloch
 
Frames reproduzidos de filmagem em igreja londrina

Parecia coisa de futebol, mas sem direito a despedida em grande arena (apesar de as arenas estarem tanto para as artes cênicas quanto para os esportes): em setembro do ano passado, Gerald Thomas dizia adeus ao teatro numa longa carta em seu blog, com um título igualmente longo (“Manifesto/Minha Independência ou Morte - Tudo a Declarar - It’s a Long Good Bye”).
  Num mundo interconectado onde, a seu ver, a cultura, a História e a arte de transformar que ele conhecera se perdem em frivolidades, Gerald preferia partir para outra a render-se ao iTheatre. Eis que, nove meses depois, como sói entre atletas arrependidos, o diretor volta, na moita, aos palcos, recriando em Londres — território onde pouco trabalhou — sua Dry Opera Company (Companhia da Ópera Seca). Nesta entrevista, direto de Nova York, mais novidades.

O GLOBO: O que o fez mudar de ideia tão rápido?
GERALD: Conversei com amigos, dentre eles Philip Glass, e percebi que mesmo esses momentos de se sentir um zero à esquerda faziam parte do que somos. Mas sair é uma coisa: sai-se por esgotamento, como foi o caso em setembro do ano passado. Olhei para minha vida e meu trabalho, e não Gostei do que vi. Entrar de novo é mais parecido com ter que pedir licença para viver. Comecei a construir o caminho de volta pela Inglaterra da minha adolescência, onde casei as três primeiras vezes e criei um filho, mas que não me conhecia bem e com a qual tenho uma relação de amor e ódio. 

O GLOBO: Da ida à volta, foi exatamente o tempo de um parto. 
GERALD: Um parto de quíntuplos, porque é duro parir uma identidade em vez de uma peça. Você redescobre sua obra inteira e a enxerga como se estivesse vendo algo de um estranho. Não reconhece nada. Olha tudo aquilo justamente como as pessoas que diziam que não entendiam o teatro de Gerald Thomas. Ao renascer, vou me expondo a esse povo todo em Londres sem saber o que está pela frente...

O GLOBO: Como tem sido o processo de seleção e quando pretende estrear? Já existe o embrião de um primeiro texto?
GERALD: Vi perto de 600 atores em uma semana. Aproveitei um monte. Vamos ver quem resiste ao workshop em agosto
para a estreia em outubro. Vou desenvolver textos para pessoas como o Kevin, um extraordinário ator, a Maria de Lima, portuguesa com sotaque londrino, ou Dan, com aquela cara de judeu que deixa claro de onde viemos e que vamos para a lama. Estou brincando com o título Cain Unable: foneticamente soa como Cain and Abel, os dois irmãos bíblicos, mas quer dizer Caim incapacitado. Os atores ingleses têm uma incrível energia. Podem não ter muita cultura, e isso me impressionou: a grande maioria não sabia quem era Samuel Beckett ou Richard Wagner, nem definir homo sapiens. Mas aqui em Nova York a atmosfera do East Village e do teatro de onde venho está cansada. O establishment venceu mesmo! Quase não há resistência... Já no teatro britânico existe uma longa história de agitprop theater, ou seja, o teatro do opositor. 


O GLOBO: Em setembro você dizia não estar pronto para o iTheatre. A nova companhia incluirá o meio digital?
GERALD: Sim. O próprio material dos testes já está disponível em Vimeo (melhor que YouTube porque comporta uma hora ou mais). Mas iTheater se ri a migrar para o território virtual. Isso, não! Porém, ter um departamento de mídias, incluindo a tecnologia G4, sim, com prazer.

O GLOBO: Você vai se transferir de NY para Londres? Está casado? 
GERALD: Desde dezembro passado estou nessa ponte NY-LON: acho que não consigo me desgrudar mais dessas calçadas. Casei de novo, sim, mas não estou a fim de dizer com quem nem dar detalhes.

O GLOBO: Como estão os outros projetos? Cinema e o livro “Suicide note”... 
GERALD: Fiz um ensaio, que está no meu videolog, intitulado “Book”. Não é cinema, não é teatro, mas sim uma narrativa, um fio condutor de imagens e ideias que irão pontuar o filme cujo título será “Copywriter” (ideia de Claudio Martins), já que o original, “Ghost writer”, foi literalmente roubado pelo Polanski. Tem gente captando em vários lugares, inclusive no Brasil. Será uma espécie de thriller, inteiramente em película.

O GLOBO: Um de seus últimos trabalhos no Brasil foi sobre sua mãe, que falecera. Como andam seus diálogos com ela?  
GERALD: Nossa, você instalou microfones aqui em casa? Tenho pensado muito, muito nela. Em como não consegui lidar direito com os últimos anos. E que a coisa teve que se resumir numa peça, através da qual tentei pedir perdão. 

O GLOBO: Pelo quê?
GERALD: Falhei em tudo. Não estive lá quando ela mais precisou de mim. Coloquei-a num asilo e achei que estava o.k. Não, não estava.

O GLOBO: Você assistiu à Copa? 
GERALD: Claro. Fiquei muitíssimo triste com a saída do Brasil. Quase morro.


O GLOBO: E quando você passa por aqui? 
GERALD: Nunca excluo o Brasil. Mas, se eu for esperar um convite, fico sentado e viro estátua de sal.

PS: esta tudo aí!!! Londres amor! Londres!

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