sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Projeto Salamandra


Pensando o corpo como meio de comunicação, o Projeto Salamandra busca aumentar a capacidade comunicativa, utilizando se de aparatos tecnológicos que amplificam o alcance da mídia primária – o corpo – sendo que este é inegável que está na base de toda a comunicação, sofrendo transformações constantes e carregando consigo uma enorme quantidade de informações, desde a história da vida no universo até resquícios da contemporaneidade.
Utilizando o conceito do corpo como mídia primária e com influências de Lygia Clark, Hélio Oiticica, Matthey Barney, e de teóricos da comunicação como Vilem Flusser, o grupo de intervenção artística busca corromper o olhar do espectador/atuante, desfazendo repressões - sendo que vivemos numa sociedade tecnocrata repressiva - nesse aspecto as realizações do Projeto Salamandra é de subversão, compondo junto com o público uma cumplicidade na superação do inibido e na busca de novas percepções. As performances não são como espetáculos/encenações para ser apenas apreciada e sim o propósito do grupo é a ação vivenciada e as experiências compartilhadas e as expressões constantemente acumuladas. A superação reside na limitação corporal e técnica, a produção possue caráter intimista, mas que pode ser realizada em diversos ambientes - por exemplo, apresentações em grandes festivais de música eletrônica, a realização de performances em galerias de arte contemporânea e realizações de experiências no meio acadêmico: em sala de aula e teatro – onde a limitação corporal e técnica difundem uma produção experimental com uma densa carga teórica utilizando conceitos técnicos já pré-estabelecidos e criados, sempre com o objetivo da resignificação do corpo, dos diversos suportes e do espaço.

Semana de Artes do Corpo - Trabalho Final Adriane Gomes
A performer utiliza em cada apresentação diversos materiais: tecidos, espelhos, máscaras, fios etc. Visando uma apresentação com caráter orgânico também são utilizados como “carro-chefe” das apresentações frutas e flores (frutas tipicamente brasileiras, girassóis e flores campestres), também é alvo da pesquisa do grupo intervenções utilizando mel, água, urucum e o corpo nu, sempre na busca das questões individuais, que são compartilhadas com o coletivo.
O Projeto conta com a participação de um grupo de estudantes multimidiáticos, onde estes podem explorar ao máximo a capacidade técnica de cada suporte utilizado em cada apresentação. Os suportes utilizados são os mais variados, como projeções em tempo real com efeitos (câmera + projetor), fotografia, retro projetor (transparências), VJ (laptop + projetor), DJ (laptop + caixas acústicas).

Projeção de imagens e o corpo: ritual em sintonia.

A ocupação espacial dos integrantes do coletivo Salamandra sugere uma percepção das questões elaboradas. Cada um com uma linha de pesquisa busca interferir no corpo da performer utilizando a projeção, luz, imagem, formas, sombras, sons; Alterando e evocando uma gestualidade espelho-corporal que provoca um diálogo entre performer e cada participante do grupo, unindo a postura humana no contexto histórico com origens ritualísticas-ancentrais que inspiram as realizações presenciais.
o Bixo
Os temas abordados extrapolam a busca pessoal de cada indivíduo, tratando da urgência, da velocidade (que pode ser lida no momento da performance como anti-velocidade - por sugerir uma zona autônoma temporária), Rituais de Passagem, mergulhando nos conhecimentos das Danças Sagradas, sintonia com os sentidos, transcender: “como a alegria e entusiasmo podem curar o corpo, porque nosso corpo é nossa alma” sugere Adriane, o coletivo busca sempre estar em sintonia com todos os corpos atuantes para um resultado limpo e eficaz.

Processos criativos: o labirinto da improvisação.

“Para toda brincadeira existe uma regra” propõe Adriane, relacionando sua pesquisa-trabalho a uma brincadeira séria. Tudo funciona com a existência de um crivo central de pessoas que observa e organiza toda a produção, mas esse crivo basicamente é uma pequena parte do Projeto.


Texto: Coletivo Salamandra

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