segunda-feira, 20 de abril de 2020

COVID 19 ...vencendo o medo da morte.

Desafio Covid 19


imagem Gerald Thomas
work in progress



...  estava ventando e eu estava cruzando a quinta avenida, quando a minha ficha caiu, não havia um único carro na rua. Parei e fiquei olhando o edifício Empire State, o silêncio jamais visto nesta cidade ecoou na minha cabeça, e essa imagem seria assim pelos próximos meses. Como uma cidade de interior, a cidade se fechou, e nos rostos uma mascara. um olhar triste e pálido... os dias eram ainda mais frios e os olhares se tornariam ainda  mais tristes. um caminhão gigante parou e de dentro dele saíram militares devidamente vestidos. Na volta resolvi comprar pão no supermercado mais próximo da minha casa e uma fila saia de dentro do supermercado indicando que quele não era mesmo o melhor momento. Pessoas com carrinhos abarrotados de caixas e sacolas e produtos de limpeza. Comecei a me sentir em estado de alerta, segui para o condomínio onde moro, e o supermercado também estava lotado. Eu não conseguia entender muito bem, porque as pessoas estavam comprando tudo. Tudo de comida e água e remédios... Todas as lojas estavam fechadas, apenas os supermercados, farmácias estavam abertos. as noticias eram alarmantes e os hospitais começavam sua saga de super lotação e gente morrendo nas UTIs. Tudo isso de uma hora para outra. neste dia eu chorei, sentindo o vento frio batendo no meu rosto. eu nunca vou me esquecer de ver a cidade em luto... os noticiários diários davam os números, indicava novas descobertas, mas não dava nenhuma pista para um final seguro...  e começou a chuva de fake news e aumentava as multiplicações das mortes. Nova York era o epicentro de uma pandemia, e sem duvidas o vírus andou em cada canto desta cidade. Ao longo de dois dias eu fui percebendo as pessoas desaparecerem,  ir ao supermercado era como uma viagem a lua, com luvar, óculos especial e capacete. foi neste processo que entendi sobre liderança, e força motriz para liderar uma cidade cheia de gente, uma ilha super lotada.
Será que estamos doentes, era a pergunta que estávamos nos fazendo todos os dias quando começamos a sentir alguns sintomas. Agora não era mais a rua vazia ou os olhares tristes, era em nós o próprio medo, e a palavra era "adjacentes", como uma casa que tem sua sala principal, quartos, cozinha, banheiro, e as dependências adjacentes. mas a preocupação não era apenas de aumentar o sistema imunológico, havia a mente, é ai o local onde mora uma enorme perigo. o Vírus se estabelece no sistema e propicia altos e baixos, um dia bem o no outro muito  mal, percebi minha mente funcionando muito rápido e com muitas imagens do passado. tentar detalhar o que eu senti é muito difícil, mas eu começaria detalhando uma enorme dor nas costas, baço, rins e fígado, cólicas intestinais, dor no peito como ardor, pele seca e escamosa, tremores internos, e tudo isso um dia atrás do outro. e durante quase dois meses. A sensação vital de sobrevivência, de encontrar animo e amor, parece ser um pulso vital para a sobrevivência, quando se é Imuno deprimido. O dia do Jardim foi decisivo. Eu precisava tomar sol, estava me sentindo muito mal e já havia emagrecido e estava muito fraca, triste e quanto mais triste mais eu perdia a vontade de viver. nada estava fazendo sentido e eu precisa de alguma forma escolher de que lado eu gostaria de estar. foi nesta fase que eu suava muito a noite e tinha falta de ar com uma mistura de visões, naquele dia eu me sentia tão mal que parte de mim sentia vontade de ir ao hospital e a outra parte sabia que não haveria espaço, estavam morrendo mais de mil pessoas por dia, não era o melhor a se fazer. eu chorei pensando que a unica coisa que eu queria era estar ali, em casa e jamais em um hospital. Foram dias muito tensos, onde mente e corpo se debatiam entre os dias bons e os dias ruins. 
 


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