sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Os CREDORES DE NELSON BASKERVILLE.


A Cia. Mamba "Credores", clássico do dramaturgo sueco Strindberg. O espetáculO e a direção é de Nelson Baskerville.

Credores


em cønstruçãø...
Passarø feliz é aquele que anda søltø... mais vale um passarø na mãø dø que døis vøandø... a triade da cømplexidade... na tentativa de um textø perførmáticø, cøm base na existência... de se cøløcar nø lugar dø øutrø... quem øutrø søu...

Já havia escrito um texto sobre Credores, assim que eu havia assistido a peça, e também tinha visto alguns ensaios do grupo, mas ainda faltava algo que eu não tinha enxergado e que só me veio agora 6 meses depois de ter assistido pela ultima vez Credores, da Cia Mamba, dirigido pør Nelson Baskerville, que além de dirigir espetáculos é um artista plástico de mão cheia, se por um lado, meu encantamento com a montagem da peça me encaminhava para revisitar minha própria vida, também me fez questionar como o homem vê a sua mulher ou as mulheres no mundo.
Quando o fim é um bem supremo para a alma, e quando a gente se vê perdida, num casamento ou namoro onde as desconfianças ou desamor afeta profundamente a vida do casal, o fim é um balsamo... neste cotidiano infinito de possibilidades, as vezes não é possível ver as verdades implícitas na relação.
O texto do Strindberg é contemporâneo apesar de ter sido feito em uma época onde as mulheres eram apenas MULHERES de seus HOMENS, ele como visionário e em crise,  consegue dar para a mulher da peça a liberdade necessária para além das agressões sofridas, abre espaço para uma questão até hoje ainda não entendida pela sociedade, a busca de se sentir livre e poder experimentar novos amores, porque desde sempre os homens mandam sem suas mulheres, e na maioria das vezes decidem seus destinos. Parece piada, mas não é, ontem um amigo relatou uma surra que uma amiga havia levado de seu marido.
 Uma relação aberta requer muita habilidade e amor próprio, um coração ferido sempre é um devastador de almas, e um homem traído se transforma em vítima, e  a mulher que trai em puta, vaca... SANTA! (a alma dø escritør dentrø da øbra)
A peça me chama atenção pela performance adquirida, e pela proposta maravilhosa de um ateliê que também é construído quase que em tempo real. Esse movimento de arte me interessou mais que o próprio drama, que me fez derreter em lagrimas, porque eu me senti PUTA, me senti uma vaca e não pude deixar de descobrir um pouco de mim dentro daquele sofrimento todo, e foi assim que vim resolvendo esse problema textual dentro de mim.
A alma da historia: um homem traído, um amante , e uma mulher, a vida é cheia de desejos, e de vontade de viver, o que eu diria da saudade, do fim das historias, da vontade de afogar se em lágrimas...
Quem é o traído e quem é ø traidør? quem de verdade é o amado, quem na verdade somos, mulheres, separadas e livres øu casadas e livres øu..., e porque de tanta angustia, credores das dores de todos nós... linhas e amarras... ceu de estrelas azuis... cøm barulhø de øndas....
quem sabe o amor é de fato uma faca de dois gumes e uma tríade de gente que sofre o desamor e a vontade de vingança.
Obvio que a identificação é imediata e dá vontade de salvar o Flavio e tirar a Carolina de lá e quem sabe o marido entenda que acabou que a amizade precisa continuar e a morte vem seguida de um nascimento, isso não é novela, é vida real, obsessivo, é esse jogo de querer de se colocar em um plano de desvio, de falta de entupimento de artérias, de vomito e desfazer as caras, e arrancar olhos, é talvez essa massa que não se molda, ou essa caixinha de historias guardadas dentro da gente.
O que eu diria: se a arte é capaz de nos salvar das loucuras da humanidade ao mesmo tempo ela resulta das verdades da nossa vida, eu entendo que as mulheres vivem seus melhores e piores momentos, e que as fogueiras, morte a pedradas, e estupros e os estupros mentais estão em suas fases terminais, porque o ser humano esta se matando, logo não será as mulheres e sim todos nós... enfiados até o topo de uma escada para mergulharmos em um balde cheio de merdas...
Enfim Credores das dores do outro, credores dos fins por telefone, da inveja, credores das panças, das artérias entupidas, do álcool, das mentiras, do envenenamento, credores da tentativa de matar um amor... quase que aconteceu uma morte, mas além desse amor desavergonhado de uma mulher, dócil esta uma leoa selvagem que apesar de enfraquecida, renasce fênix...  (na peça ela não renasce) mas dentro de mim esta mulher, é fênix e deseja reencontrar seu amor, não um amor, mas o amor!!!! "Afinal de contas, as vacas são sagradas."
O espetáculo tem uma estética linda, uma trilha incrível, a iluminação poderia ter ficado melhor (mas eu nãø ví a møntagem seguinte nø CCSP, ainda me lembrø de um amigø dizer que ø  trabalhø deveria ir para  Sesc Pømpeia) o cenário é digno de uma obra performática e a atuação foi incrivelmente levada até os limítes... trabalho belo que merece muitos prêmios ainda.
As Carølinas, Vanessas, Gabrielas, Marias, Anas, Jøanas... aø desejø. (de que vale acreditar nø amør livre se a felicidade esta apenas em um... e é lá ø seu refugiø... quem ama quem? Essa pergunta é perfeita para ø casø, a definiçãø seria, ninguem se ama, entãø nãø há amør, a mera repetiçãø entre arte e vida e vida e mørte, pøde resultar numa bela peça de teatrø, afinal ø que queremøs senãø a vida dø øutrø, expøsta e escarnecida diante de tødøs... e høuve mesmø uma separaçãø, entre øs encravøs a arte virøu a vida døs credøres, e ø tesãø føi se acabandø diante das tristezas vividas, nãø me respønda: a arte precisa ser cønsumida antes dø fim... e entãø ø que parecia ser um segredø vira a vida dø øutrø, e ø øutrø tenta arrancar lhe ø cøraçãø, e ø arranca e avisa que na prøxima cirurgia tudø pøderá ser piør, e ela? quem era ela?

...ela? era apenas a vaca leiteira e precisøu mudar de pastø, é que na brincadeira, se queimøu tøda até ficar em carne viva... sãø øs prøcessøs da perførmance arte, ø øutrø achava que ela era pøbre demais e demasiadamente apaixønada e issø pøderia føder a vida.... perfødemøs diante das verdades nãø ditas e das mentiras de cønsølø.
nãø é ø fim, é apenas ø cømeçø... RECOMEçO, RenOVAR... MUDAR... Trans førmar sangue em vinhø?
Pørque øs dias passam e cøm ele ø ventø, e vai levandø, nø søprø, a alma e a vøntade... O OUTRO e nãø esse: ele a ama, mas ainda nãø sabe, ela ø ama e diz repetidamente: eu te amø...
Mas ele é de tantas e ela nãø é de ninguem... um dia viajøu, e ficøu mudø... ela saiu e percebeu... nunca vai passar, nunca vai ter fim... pørque é amør. Desde esse dia agradeceu que ele terminøu, mas ølhøu pra trás sabendø que se ele nãø ia vøltar, ela vai recømeçar... mesmø que sua pele nãø aceite mais øutras mãøs e na sua cabeça ele faça mørada... nãø precisa mais de tapas, de maus tratøs, de gente bebada, nãø precisa mais fazer ø café, nãø precisa mais pegar ø metrø e cørrer aø encøntrø... nãø precisa de mais nada, mesmø sabendø que nø fundø ele sabe que føi um hømem de carater duvidøsø... mas dizem que a mudança cørre as veias dø hømem e issø já ø faz merecer perdãø, pør tanta dureza...
Quandø a saudade bater, talvez quem sabe ela ainda esteja lá, mas nunca mais vai apanhar, nunca mais... Tem algø que faz a gente seguir... Olha pra frente amør... OLHA!
Olhamøs para as cøisas cømø elas sãø, derrepente tudø tem um fim, e as cøisas vãø se cømpletandø, a gente mente pra nãø dizer a verdade, mas desculpe, seus ølhøs me ølham... e talvez nem saiba ø que realmente vê!
Imagina a reaçãø døs cørpøs que nãø se amam, mas se ølham cøm tanta vøntade, de se sentar, de se falar, de saudade, mas quem sabe ø cørpø, a mudança... nãø sø sexø... mas ø amør... ø seu, ø meu, ø nøssø... ø amør que nãø mørre... ha cømø eu queria ser amada!


http://vejasp.abril.com.br/atracao/credores
Resenha por Dirceu Alves Jr.
De August Strindberg (1849-1912). Uma outra versão do drama, sob direção de Nelson Baskerville, também pode ser conferida. Carolina Manica e Flavio Barollo interpretam um casal que tem o dia a dia transformado pela presença de um desconhecido (papel de Bruno Perillo). Radical e pouco convencional, a leitura proposta por Baskerville muitas vezes envolve os espectadores. O texto está ali, resistindo em meio às recriações do diretor e do elenco. Diante de tantas intervenções, contudo, as interpretações não se aprofundam, minimizando o drama dos personagens. Com Isa Bela Alzira. Estreou em 14/11/2012. Até 31/03/2013.
http://ciamamba.blogspot.com.br/

uma música de define mais dø meus sentimentøs...

http://www.nowness.com/day/2012/11/12/2583/sigur-ros-valtari

Credores

Novas fotos de Ligia Jardim para temporada do CCSP!
Adriane Gomes
é atriz,  diretora e performer, formada na PUC e mestrado no TID, atualmente dirige o infantil: A menina e o pássaro encantado, e esta na Montagem Aparelho de Superar Ausencias do coletivo Fila 7 que estreia em outubro no Espaço Cultural Oswald de Andrade.

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