Processos de criação nas mídias - Ludmila Castanheira

A performance como ação midiática: o colapso dos limites entre arte e comunicação.

Orientadora: Profa. Dra. Christine Greiner - PUCSP

Adriane Gomes - Projeto Salamandra

As novas experiências midiáticas da performance parecem ainda inclassificáveis por esmaecerem os limites entre arte e comunicação, o que já vinha acontecendo no campo das novas tecnologias e agora se detecta em ações que partem do corpo e não necessariamente de outro meio de comunicação que não seja o corpomídia. Estas experiências têm alcançado pouca visibilidade tanto para curadores como para jornalistas culturais, a cobertura oferecida pela mídia contempla algumas formas de arte menos que outras, e por isso julgamos pertinente uma investigação acerca da abordagem do jornalismo cultural às artes processuais, dentro das quais consideramos a performance.                                                

Flávio Rabelo, o estranho

Para tal se faz necessário um levantamento sobre a atuação de políticas culturais e sua maneira de fomentar determinadas manifestações artísticas. A partir da busca por argumentações sobre os motivos prováveis da mencionada invisibilidade midiática de algumas manifestações artísticas, chegamos a questões relativas à produção e consumo de objetos artísticos, discutidas por Cauquelin, Katz e Coelho. Os eventos de arte que se extendem a espaços outros, são aqui compreendidos como uma rede dentro da rede maior tecida entre o jornalismo cultural e modelos mercadológicos que, via de regra, não se adequam às suas necessidades.                                                                                                

Coletivo O 12

 Ao se apropriar de lugares da cidade originalmente não designados à arte (bares, marquises, fachadas de igrejas e de lojas, etc.), tais manifestações empreendem ações políticas e de resistência, que serão vistas conforme Bey e Oliveira. Estas ações, se entendidas como fenômeno comunicacional e abordadas segundo o conceito de corpomídia, de Greiner e Katz, permitem vislumbrar o corpo como local de permanente transitoriedade e com capacidade de organização emergencial, atestando sua porosidade e possibilidade de troca entre o performer e o meio onde atua. As leituras oferecidas por Cohen, Goldberg e Taylor contribuirão para e elaboração de uma discussão sobre o tema da performance, além do acompanhamento dos trabalhos de performers como Flávio Rabelo, cujas ações se relacionam à imersão no universo de moradores de rua; do “Coletivo O 12” que realiza intervenções urbanas a fim de provocar novas relações dos transeuntes com o espaço cotidiano, e do “Projeto Salamandra”, grupo que empreende ações prolongadas, atuando durante a duração de festas rave ou em bares direcionados ao público GLBT.

Texto: Ludmila Castanheira