sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Visões do Labirinto

Quando os primeiros homens e mulheres viram uma floresta densa, eles perceberam o emaranhado das relações, e a dificuldade, a excitação de uma caminhada em busca do alimento,ou de um novo horizonte.Quando esses mesmos seres humanos exploraram uma caverna se intrigaram com os meandros, as abóbadas claroscuras, os corredores intermináveis e interligados, associaram com a morada da Mãe Terra e os ciclos secretos da Vida. Nesses locais se realizavam as cerimônias de mistérios,sobre a morte e o além.
VERTICAL - Vermont Itaim - Projeto Salamandra
Na contemplação dos turbilhões dos ventos, os trovões, os tufões surge o desenho da espiral ascendente aberta ao infinito, nas confluências dos pequenos afluentes e dos rios; nesse enredar-se de águas que se interpenetram transparentes e cheias de vida o labirinto também aparecia. Projetava-se aí a grandeza da própria Vida, do fluxo e refluxo eternos, no céu , na água na terra esse fluir contínuo era enlaçado, intrincado, e ao mesmo tempo fascinante e amedrontador, como o ato de viver. E nos faz perguntar, para onde vamos, porque caminhamos, corremos. Nesses momentos ele sonhava em voar, flutuar nas ondas, e se deixar levar.
Da caminhada nas florestas ao vôo dos xamãs, que traziam dos seus transes mediúnicos a poesia e os remédios, as curas, e o apaziguamento das desarmonias, o ser humano transcendia todos os limites visíveis, rompia as amarras, e se sentia livre e vivo como os deuses. Cada vez que ele ia mais para além do horizonte, procurando a Terra sem males, que se encontrava no ponto de articulação do Céu com a Terra, se sentia mais próximo dessa vida imortal, plena, o herói que vencia os dragões turbilhonares.
Intervenção no Centro de São Paulo
Ele foi percebendo que o seu mundo interior era sem fronteiras, que bastava fechar os olhos, e um novo mundo se abria, que das suas histórias se revelava algo mais do que a simples estrada, sentia-se como a flecha que ultrapassava o alvo, e penetrava num mundo para além dos espelhos....
Fluía por dentro dele, uma vida aberta, em união com tudo o que existia, para além do aparente, do fluxo, do luxo, ou da luxúria. Fluía uma alegria de Ser, criativo, capaz de si mesmo, e dos Deuses.
Texto: Roberto Sanches

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